As mulheres chegaram ao topo e hoje ocupam postos antes considerados masculinos. Entre as vantagens que a presença feminina trouxe ao ambiente corporativo estão a capacidade de liderança e conciliação, visão detalhista do negócio e valorização das pessoas.
Levantamento do PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) mostra que, em 2008, a participação das mulheres no mercado de trabalho atingiu 56,4% dos postos de atuação na região metropolitana de São Paulo.
Os números podem ser novos, mas o resultado não chega a impressionar. As representantes do sexo feminino chegaram ao topo e ocupam posições não só na área de comércio e serviços, como também no alto comando de grandes companhias.
Há poucos anos, não se ouvia falar de mulheres atuando em TI, entretanto, de acordo com Robert Andrade, especialista em recrutamento da Fesa, empresa de executive search, hoje elas ocupam 15% das posições do segmento. “No Brasil, as pessoas ainda têm a cultura de classificar algumas ações como masculinas ou femininas e claro que o trabalho em TI nunca foi visto como adequado para as representantes do sexo frágil”, diz o recrutador.
Ele ainda explica que, mesmo diante de preconceitos e adversidades, elas não se abateram e hoje estão presentes até nos mais altos postos corporativos. Exemplo disso, Andiara Petterle, CEO e CIO do Bolsa de Mulher.com, grupo de comunicação feminina online que conta com rede social própria e mais de 7 milhões de usuárias cadastradas.
Chefe de uma equipe com mais de 50 funcionários e diversos colaboradores, Andiara defende avidamente o que considera a vantagem de uma gestão feminina: “As mulheres gerenciam suas responsabilidades, equipes e desafios com um olhar conciliador. São mais compreensivas na liderança de pessoas e vêem os Recursos Humanos como principal ativo de uma organização. Por isso, têm tanta preocupação com clima organizacional e bem-estar de seus funcionários”, explica a executiva.
Nesse sentido, a superintendente de TI da Unimed de Porto Alegre, Magda Targa, classifica o modelo de liderança masculino e feminino em duas vertentes bem distintas. “Os homens lideram pelo padrão de pirâmide, no qual um indivíduo galga posição de destaque e se torna a personificação do poder, tomando decisões individuais”, afirma ela, ao explicar que, por outro lado, a mulher exerce sua função de líder por meio da distribuição de responsabilidades, adotando um modelo mais matriarcal e colaborativo. “A decisão feminina é mais colegiada, ou seja, tomada após consulta de diversas opiniões”, diz a executiva.
Para Fátima Zorzato, principal executiva da Russel Reynolds no Brasil, as mulheres têm mais sensibilidade para falar com seus pares e ler precisamente os ambientes nos quais estão inseridas. E por disso, para Ricardo Basaglia, gerente da divisão de tecnologia da Michael Page, as representantes do sexo feminino têm mais habilidade de relacionamento, não só com as equipes, mas também com clientes e parceiros.
Competências essenciais aos CIOs
Para Ana Paula Montanha, diretora regional do Rio de Janeiro da Fesa, companhia de recrutamento de altos executivos, o fato de uma gestora ser mais detalhista, de forma geral, torna esse perfil de profissional mais adequado às necessidades que os CIOs deverão ter para enfrentar o futuro.
“De agora em diante as empresas não querem mais investimentos com alto custo inicial e buscam alternativas em programas baseados em serviços. Esses projetos, altamente complexos, são decididos exatamente no detalhe”, argumenta Ana Paula, que explica: “Com visão geral do negócio e atenção para todos os pormenores, as mulheres conseguem garantir a oferta de soluções mais adequadas ao cliente e a compra de ferramentas essenciais ao negócio”, diz ela.
Todos esses benefícios do sexo frágil, contudo, esbarram em uma questão: todas as líderes de TI concordam que o maior desafio é conciliar a vida pessoal e profissional.
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