terça-feira, 23 de setembro de 2008

Empresa gaúcha se beneficiou do open source

Além de vender o bolo, dar a receita. Com esse modelo de negócio uma empresa surgida em Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, tem trilhado sua carreira no desenvolvimento de softwares somando clientes nacionais e internacionais e um faturamento na casa dos seis dígitos.

A Apoena foi criada no ano 2000 pelo bageense Guilherme Lacerda, 29 anos, e o colega Claudimir Zavalik, 39, natural de Erechim. Num trabalho para a cadeira de empreendedorismo do curso de informática da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), os estudantes propuseram a aplicação de um modelo de negócios em que, além do software, o cliente levaria o código.

– Era uma época difícil porque o software livre ainda estava sob aquela mística de ser gratuito. O software livre pode ser gratuito, mas isso não é obrigatório – relata Lacerda, sobre uma das dificuldades enfrentada no início do projeto.

No mesmo ano, o trabalho foi apresentado no primeiro Fórum Internacinal do Software Livre (fisl) e depois inscrito na Incubadora Empresarial Tecnológica de Porto Alegre (Ietec). Iniciava a gestação da Apoena.

– Tínhamos todo o apoio mercadológico, de contabilidade, administração e até marketing. Nós éramos universitários na época. Para quem estava começando foi muito bom – conta Lacerda.

A empresa emancipou-se do Ietec em 2004 com vários projetos em andamento. Um deles era o SOL (Saúde OnLine), um serviço de agendamento de consultas para postos de saúde, utilizado pela prefeitura de Campinas (SP).

– Em 2001 nós fizemos uma apresentação na Procergs e o pessoal da prefeitura de Campinas estava lá. Foi quando eles conheceram o projeto – explica Lacerda.

Segundo o empresário, o sistema reduziu de 21 dias para seis horas o tempo de espera para a marcação de visitas ao médico e de exames.

Atualmente, a prefeitura da cidade paulista de Hortolândia também utiliza o SOL, numa versão atualizada e fechada à comunidade. O sucesso levou o SOL a uma equipe do governo federal na presidência da república, sendo cogitado para utilização em nível nacional.

Outro projeto da empresa, o Fiel Contábil, desenvolvido pelo Sindicato dos Bancários gaúcho em 2002, foi distribuído sob a licença Creative Commons – segundo Lacerda, o primeiro assim no Brasil. O sistema é uma ferramenta para controle de contabilidade e orçamento pela internet.

– O sindicato precisava de um meio que permitisse ao contador validar os lançamentos. Daí desenvolvemos o Fiel – disse Lacerda.

A atual lista de usuários do Fiel Contábil inclui empresas comerciais, sindicatos e ONGs em todo o Brasil, além de universidades que o utilizam em certas disciplinas. O projeto possui, além da versão em português, uma em espanhol.

Oito anos depois do seu nascimento, a Apoena tem um faturamento na casa dos seis dígitos, clientes nacionais e internacionais e a participação em um projeto para a Organização das Nações Unidas, em parceria com a W3House.

– Nós desenvolvemos software de código aberto para os clientes, o open source comercial. O cliente não fica preso ao serviço de suporte. A pessoa ganha o software e o código fonte.

Parece que embarcar a receita valeu a pena.

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