A cor predominante em tecnologia ainda é o cinza dos desktops e do mercado da pirataria, mas cada vez mais gente trabalha para que o futuro seja verde. Preocupação ambiental é uma característica crescente em uma indústria altamente consumidora de energia e recursos naturais.
Recente pesquisa da Consumer Electronics Association verificou que 53% dos usuários topariam pagar um pouco mais por produtos eletrônicos que tivessem alguma preocupação com o ambiente. A TI verde – como são chamadas as ações ecológicas no setor de tecnologia – é uma tendência forte para os próximos anos baseada nesse público, que se pergunta não só se aquela bateria é a mais eficaz, mas também se é a menos poluente.
– Há uma consciência da importância da TI verde, mas ainda é inicial. Não há muitas discussões além de alternativas para gastar menos energia. Consciência ecológica é mais do que isso: há processos de produção muito poluentes, por exemplo – diz o professor da Faculdade de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Alexandre Agustini.
Ele lembra que, na Europa, a cultura de informar as pessoas sobre a qualidade “verde” do equipamento é mais arraigada. Por aqui, ainda não se vê nos eletrônicos selos como os das geladeiras, classificando o grau de consumo de energia. Para Agustini, há dois itens importantes para as empresas explorarem. Um é produzir aparelhos com menos chumbo e materiais poluentes. Outro é reaproveitar ao máximo os equipamentos.
Esses desafios são impostos à equipe de tecnologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) desde 2006. Naquele ano, o cuidado com o consumo de energia e o melhor aproveitamento dos aparelhos se tornou diretriz, revela o técnico de informática e hardware Leandro Tomasin da Silva.
Quando algum dos cerca de 4 mil PCs da universidade precisa ser trocado, os metais são separados em dois grupos – com e sem contaminantes – e vendidos a empresas especializadas em reciclagem ou descarte em locais apropriados. Além disso, está em curso um projeto para substituir computadores por máquinas-cliente ligadas a servidores. Monitor e teclado são ligados à rede, e servidores realizam o processamento antes feito em PCs.
– A economia de energia chega a 90%. Até o fim do segundo semestre, trocaremos 112 PCs por 20 servidores, atendendo ao mesmo número de pessoas – diz Silva.
Mas a organização não-governamental Greenpeace alerta: o comprometimento ambiental da indústria eletrônica ainda é pequeno.
Apesar de Steve Jobs ter anunciado uma nova linha de iPods livres de PVCs, mercúrio e retardantes de chamas (substâncias químicas usadas para reduzir o risco de incêndios), nem a Apple nem nenhuma empresa produziu até agora um aparelho sem esses produtos. Iza Kruszewska, da campanha de tóxicos do Greenpeace International, reclama também da baixa vida útil das baterias.
No ranking de novembro das empresas de TI mais “verdes” do Greenpeace, o primeiro lugar foi da Nokia, seguida pela Sony Ericsson e pela Toshiba.
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