domingo, 3 de agosto de 2008

Volta às aulas e lição de casa

Uma das reclamações dos pais em relação aos filhos é que eles não têm responsabilidade de fazer as lições de casa. Muitos não gostam e não as fazem, pois competem com atividades mais prazerosas como ver televisão, brincar ou navegar pela internet. Às vezes, há muito barulho por nada, transformando essas situações em um tormento para todos, tornando as lições aversivas.

As crianças estão muito ligadas ao prazer. Ainda não têm um senso de realidade que lhes permita priorizar atividades e deixar o que é gostoso para depois, o que aos poucos vai sendo construído.

E a realidade nem sempre ajuda. No geral, as lições são pouco atrativas, sendo solicitadas com certo exagero por algumas escolas. Com o agravante de, na maioria das vezes, os pais terem de ajudar para que os filhos dêem conta do recado. A lição de casa é importante, mas sempre com moderação. E, de preferência, que seja atrativa.

Precisa-se atentar para o fato de que a carga horária da criança na escola é pesada, não devendo ser estendida em demasia em casa. De todo modo, estudar é uma obrigação da criança e um hábito a ser desenvolvido. Para isso, é necessário que a ajudemos. Não devemos esperar que uma criança chegue em casa e faça tudo o que a escola pediu espontaneamente.

Algumas fazem, até com uma dose de sofrimento devido a um exacerbado senso de responsabilidade, o que também não é bom. A maioria não é assim. Temos que levar em conta que a criança é um ser em formação e aquilo que nos parece óbvio, para ela não é.

Com o segundo semestre iniciando, já dá para ter idéia de como os filhos estão indo na escola e no cumprimento dos deveres. E todo começo é um bom momento para que algumas coisas sejam estabelecidas, como as regras para a lição.

Um cuidado necessário é não impor algo e sim combinar com a criança qual a melhor maneira para que cumpra suas obrigações. Quando ela participa das decisões, além de ser considerada nas suas possibilidades, fica mais fácil, diante do não cumprimento, os pais cobrarem. O comprometimento é maior e não poderão dizer que são os pais que querem assim.

O ritmo das crianças é algo a ser observado para o estabelecimento do horário em que deverão se dedicar às tarefas. Algumas funcionam bem chegando em casa e fazendo o que é preciso. Outras precisam de um tempo para descansar, para depois retomarem os cadernos. Se estudam à tarde, podem preferir deixar para o dia seguinte quando estarão mais descansadas. O cansaço pode atrapalhar o rendimento e o aprendizado. Estabelecido o horário, ela deverá cumpri-lo obrigatoriamente.

Outro aspecto a ser levado em conta é que a obrigação deverá preceder a diversão. Além de funcionar como prêmio, a missão de tirar a criança de uma atividade prazerosa é difícil. Daí os ânimos também se alteram. A lição não deve ser ponto de honra entre pais e filhos. O momento deve ser agradável apesar de obrigatório.

Penso que muito do que as crianças sentem de negativo em relação aos estudos e lição de casa se deve a própria postura dos adultos diante dos estudos. Quem já não viu alguns professores passando, com ar sádico, grande quantidade de afazeres para casa, ou um certo prazer em marcar uma prova para segunda-feira? Ou pais lamentarem os filhos terem que fazer algo para a escola ou terem eles próprios que trabalhar? Tais afazeres não são castigos, nem devem ser usados com esse sentido.

Mas como controlar as regras, principalmente no caso em que ambos os pais estão ausentes? Se não der para estarem por perto na hora da lição, podem usar do recurso do telefone para lembrar o filho e verificar se a está fazendo ou não. Acompanhar a agenda do filho e chegar em casa e ver se as tarefas estão ou não feitas, também ajuda. E na hora de fazer cobranças, devemos lembrar o que foi combinado em conjunto.

Não é porque fizemos algum combinado que ele será cumprido. Precisamos estar atentos aos boicotes dos pequenos. E lembrar que estão desenvolvendo o senso de responsabilidade. Não nascemos com ele pronto. Com nossa ajuda, nossos filhos terão a chance de construí-lo - o que lhes servirá para toda a vida.

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